“O homem é um ser relacional”, segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud.
Isso significa que ninguém é uma “ilha”, ninguém consegue alcançar resultados incríveis, nem mesmo ser feliz, se estiver completamente sozinho.
Todos nós precisamos de pessoas que nos ajudem, que somem aos nossos esforços, que nos acompanhem ao longo da jornada.
A vida é uma constante troca. E é justamente dessa troca que nasce a conexão entre as pessoas. É justamente dessa troca que nasce o relacionamento interpessoal.
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O que é relacionamento interpessoal
Relacionamento interpessoal é, como o próprio nome sugere, a relação, a conexão, o vínculo entre duas ou mais pessoas. Essa relação pode acontecer em diferentes tipos de contexto, como familiar, corporativo, escolar, etc.
Para ser saudável e produtivo, em todos os contextos, o relacionamento interpessoal precisa ser positivo. No entanto, isso se define pelo modo como nos relacionamos.
Podemos dizer que o modo como nos relacionamos é altamente influenciado pela forma como percebemos a nós mesmos e aos outros.
Existe uma teoria que se propõe a compreender a forma como as pessoas se comportam em suas relações, chamada Análise Transacional.
Essa teoria defende que, a partir das polaridades eu/outros, ok/não ok, criamos convicções a respeito de nós e dos outros que afetam diretamente a forma como nos relacionamos com eles.
Essas convicções e formas de relacionamentos recebem o nome de Posições Existenciais e podem ter quatro variações:
Eu estou ok/você está ok
Essa é a melhor posição para nos relacionarmos com as pessoas, pois aqui o mesmo respeito que temos por nós mesmos temos pelos outros.
Assim, qualquer assunto pode ser debatido, sem que haja relutância em expressar opinião e nem menosprezo ou intolerância a uma opinião contrária.
A pessoa nessa posição reconhece suas limitações e suas qualidades, bem como as limitações e qualidades dos outros. Ou seja, é uma troca baseada em uma visão realista e construtiva.
Eu estou ok/você não está ok
De uma forma bem simples, podemos dizer que o respeito, que na posição anterior contemplava ambas as partes (nós e o outro), agora se concentra de um lado só: em nós.
Isso quer dizer que, quando assumimos essa posição, nós nos respeitamos em demasia e desvalorizamos o outro, suas ideias, seus pensamentos. Da mesma forma, nós também podemos colocar nele a culpa por nossos próprios erros e insucessos.
Nessa posição, as pessoas costumam agir pensando em si mesmas, buscando atender apenas as próprias necessidades.
Eu não estou ok/ você está ok
Seguindo pela linha do respeito, nessa posição ele também se concentra em apenas um lado: nos outros.
Quando estamos aqui, respeitamos irrealisticamente os outros e nos desvalorizamos. Achamos que não somos bons o suficiente, que não temos muito a agregar, que a opinião dos outros sempre é melhor e mais adequada.
A pessoa nessa posição tende a ser submissa, com dificuldades para ter iniciativa e para dizer não. Geralmente, as metas a que se propõe são alcançadas em partes e ela atribui às próprias incapacidades a responsabilidade por não ter conseguido atingir seu objetivo.
Eu não estou ok/você não está ok
Lembra do respeito? Nessa posição ele desapareceu… aqui não há respeito nem por nós mesmos nem pelos outros.
Podemos dizer que, quando uma pessoa está nessa posição, ela age como se tivesse praticamente perdido o interesse por si mesmo, pelos outros e pelo mundo à sua volta.
É uma posição caracterizada pelo negativismo e também por metas inatingíveis – ou por serem irrealistas ou por não contarem com o menor esforço para serem atingidas.
Cabe ressaltar que nós transitamos pelas posições, mas temos uma que, de alguma forma, é a nossa preferência, ou seja, é a nossa posição predominante.
Assim, a partir do momento em que temos conhecimento sobre essas posições, podemos buscar aumentar a consciência do nosso comportamento em nossas relações para, assim, interagirmos com os outros de uma forma mais construtiva, produtiva e, é claro, respeitosa (para todas as partes).
Relacionamento interpessoal no trabalho
Como dissemos no início, o relacionamento interpessoal pode acontecer em diversos contextos, e um deles é o ambiente de trabalho.
As posições existenciais são muito perceptíveis no contexto organizacional, em que várias questões ligadas à nossa identidade e aos nossos sentimentos podem vir à tona.
Talvez, se você pensar bem, você consiga lembrar de algumas vezes em que transitou pelas posições e, quem sabe, acabou agindo de uma forma que não gostaria.
Pode ser também que, para cada posição, você tenha se lembrado de alguém que conhece ou com quem já trabalhou.
Você deve ter percebido, então, o quão disfuncionais foram cada uma dessas interações em que o respeito não esteve presente ou esteve em desequilíbrio.
Para o relacionamento interpessoal no trabalho ser funcional, produtivo e saudável – sim, saudável, porque ele é determinante para o clima organizacional – é fundamental que as relações sejam baseadas no respeito e tenham como foco os resultados coletivos, e não os interesses individuais.
Por que o relacionamento interpessoal é tão importante para as empresas
Pensando em termos organizacionais, em que muito da produtividade, da performance e dos resultados que uma empresa conquista dependem justamente da sinergia existente entre as equipes, o relacionamento interpessoal é fundamental para o sucesso – talvez muito mais importante do que várias hard skills.
Em uma empresa, muitas vezes não podemos escolher com quem vamos conviver. Ou seja, sabemos que nem sempre vamos morrer de amores pelos nossos colegas de trabalho.
No entanto, podemos escolher como será a nossa relação, e uma relação cheia de atritos, insinuações e conflitos negativos não vai ajudar ninguém a chegar a lugar nenhum.
Por isso é tão importante buscarmos trazer todos os nossos relacionamentos para o nível ok/ok, no qual nós nos respeitamos, mas respeitamos igualmente o outro e a verdade que ele traz.
Quando os profissionais entendem a importância de construir um bom relacionamento interpessoal no trabalho, as empresas conseguem aumentar sua capacidade produtiva e criar um ambiente agradável, que acolhe as diferenças e preza pelo bem-estar e objetivos comuns.
Como melhorar o relacionamento interpessoal no trabalho? Confira 6 dicas!
Agora que você já entendeu o que é relacionamento interpessoal no trabalho e o quanto ele é importante para as empresas, confira 6 dicas para aprimorá-lo:
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Coloque o respeito em primeiro lugar
Como foi possível notar quando falamos sobre as posições existenciais, o respeito é fundamental e deve não só estar presente em qualquer tipo de interação, como deve estar em equilíbrio.
Ou seja, “eu me respeito e respeito igualmente você”. Pode parecer meio clichê, mas para ficar bem fácil de entender o que queremos dizer com respeito, podemos nos lembrar da sabedoria popular que diz que “ninguém é melhor do que ninguém”.
Isso quer dizer que, independentemente de quem esteja falando com você, essa pessoa merece a sua atenção e a sua consideração exatamente da mesma forma como você merece a atenção e a consideração dela.
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Desenvolva a empatia
Apesar de ser uma definição bastante comum, empatia não é necessariamente se colocar no lugar do outro. Porque quando você se coloca no lugar do outro, você leva junto as suas emoções, as suas crenças, a sua forma de agir.
Ou seja… você se enxerga na situação do outro, mas como se fosse você mesmo, e não ele!
A empatia acontece, portanto, quando você se coloca um pouquinho de lado e procura apenas entender o outro. Procura escutar, respeitar, acolher… sem julgar.
Quando a empatia é estabelecida, a conexão entre as pessoas se torna genuína, o que resulta em relacionamentos interpessoais fortes e produtivos.
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Escute ativamente
Se o relacionamento interpessoal é uma troca, ele não pode sobreviver de monólogos, concorda? Para que não se torne um monólogo, o relacionamento depende muito mais de como você escuta, do que do quanto o outro fala.
Sabe aquela vozinha interior que fica arrumando respostas e argumentos para tudo o que está sendo dito?
Essa vozinha é responsável pelo monólogo dos seus relacionamentos, porque enquanto ela está falando dentro de você, você não está escutando com a atenção que deveria a pessoa com quem está tentando conversar.
Dessa forma, a escuta também está relacionada ao respeito: da mesma forma que você quer e merece ser escutado, os outros querem e merecem o mesmo.
Por isso, um dos principais passos para construir um bom relacionamento interpessoal é escutar com atenção. Silenciar a voz interior e qualquer outro tipo de distração, e dar espaço para a pessoa falar – e escutar atentamente.
A atenção não só é sinal de respeito, como “é a forma mais rara e pura de generosidade”, segundo a filósofa alemã, Simone Weil.
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Remova pré-julgamentos
Um dos fatores que nos impede de escutar ativamente alguém é a imagem que vamos criando da pessoa que está falando, especialmente em relações em que esse alguém já é conhecido, como no caso do ambiente de trabalho.
Por exemplo, digamos que tenha alguém no escritório que reclame muito ou que você tenha algum tipo de conflito pessoal.
Quando essa pessoa começa a falar, pode ser que você automaticamente já nem escute mais ou ache que tudo está errado, que não faz sentido… enfim, acaba que muito da mensagem pode ser perdida por conta do pré-julgamento que já se tem em relação àquela pessoa.
Por isso, mais uma vez, é preciso silenciar e focar na mensagem, deixando de lado todas as impressões sobre o mensageiro.
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Preste atenção na sua comunicação
O modo como nos comunicamos é tão importante quanto a nossa intenção. Por isso, é preciso desenvolver a comunicação assertiva.
De forma geral, podemos dizer que a comunicação assertiva é praticamente a base de interação da Posição Existencial eu estou ok/você está ok.
Isso justamente porque a assertividade tem em seu cerne o respeito: “eu respeito a minha opinião, então eu vou falar; mas eu respeito igualmente você, então eu vou falar de um modo que, de forma alguma, desrespeite ou iniba você e/ou a sua opinião”.
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Mantenha o foco no objetivo
No decorrer do texto dissemos que no ambiente de trabalho várias questões ligadas à nossa identidade e aos nossos sentimentos podem vir à tona.
Às vezes isso pode distorcer um pouco nossa interpretação do que está sendo dito ou do que está acontecendo, fazendo com que levemos algo para o “lado pessoal”, ou com que nos preocupemos muito mais com as nossas necessidades individuais do que com o interesse coletivo.
Por isso, é importante que, especialmente em um contexto organizacional, os objetivos sejam bem definidos e os relacionamentos interpessoais contribuam para alcançar esses objetivos, sem se “desviar pelo caminho”.
O relacionamento interpessoal é fundamental para uma empresa se estabelecer e prosperar. Por isso, ele deve estar constantemente na mira do RH e deve ser uma prioridade da liderança, afinal, o exemplo começa do topo. Esperamos, então, que as dicas que trouxemos nesse texto contribuam para o aprimoramento do relacionamento interpessoal na sua empresa!
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