Se na década de 70 já era melhor “ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, imagine, então, nos dias de hoje, em que a mudança é imperativa.
É preciso ser uma “metamorfose ambulante” para poder se adaptar a diferentes contextos e situações e, assim, decidir a forma mais apropriada de agir e obter os melhores resultados.
Essa habilidade, a qual podemos chamar de adaptabilidade, está se mostrando cada vez mais importante – ou até determinante – para o sucesso de profissionais e organizações.
Continue a leitura deste texto e aprofunde-se neste tema!
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O que é adaptabilidade
Adaptabilidade é a capacidade de se adaptar, ou seja, de se ajustar, de se adequar a uma nova situação, a um determinado objetivo, a uma diferente realidade.
É preciso ressaltar que adaptabilidade não é acomodação, não é aceitar e se acostumar com o que vier, mesmo que não seja algo positivo.
Adaptabilidade é identificar as mudanças, desde os seus sinais, e se adaptar ao contexto – o que exige proatividade (por isso é comum encontrarmos o termo “adaptabilidade proativa”).
Isso quer dizer que a adaptabilidade vem junto com o desenvolvimento de novas competências e habilidades, de análise de cenários, de planejamento estratégico e de visão de futuro.
Adaptabilidade: fundamento de excelência
A adaptabilidade é tão importante que foi elencada pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) como um dos Fundamentos de Excelência.
A propósito, os oito fundamentos são:
- Pensamento Sistêmico;
- Aprendizado Organizacional e Inovação;
- Liderança Transformadora;
- Compromisso com as Partes Interessadas;
- Adaptabilidade;
- Desenvolvimento Sustentável;
- Orientação por Processos;
- Geração de Valor.
Sobre a adaptabilidade, a FNQ afirma que: “Toda organização tem de ter flexibilidade e capacidade de mudança em tempo hábil. Sem essa agilidade, nossas chances de sermos bem-sucedidos diminuem drasticamente”.
Para facilitar a adaptabilidade e impulsionar a transformação, a empresa precisa contar com “ciclos rápidos de aprendizagem e velocidade na implementação de melhorias com o emprego de métodos ágeis” (como o Kanban, por exemplo).
Flexibilidade e capacidade de mudança
Na definição dada pela FNQ, dois termos merecem destaque especial: flexibilidade e capacidade de mudança:
- Flexibilidade: para a Fundação, a flexibilidade está relacionada à prontidão para resposta, considerando a revisão das estratégias, dos processos e dos produtos em tempo adequado, além do estímulo da autonomia à força de trabalho, para tornar mais ágeis e efetivas as tomadas de decisão.
- Capacidade de mudança: a capacidade de mudança diz respeito tanto à identificação da necessidade de mudar, quanto à implantação da mudança propriamente dita, abrangendo, então, desde a análise de contexto e definição do que deve ser mudado, até a execução da estratégia.
A importância da adaptabilidade para o mercado de trabalho
A adaptabilidade faz com que o profissional seja capaz de responder rapidamente às mudanças, de forma positiva.
Contar com profissionais que tenham a capacidade de se adaptar garante à empresa um movimento contínuo de melhorias e aprendizados, ajudando-a a se livrar da estagnação e a se manter competitiva para o mercado e relevante para o consumidor.
Assim, a organização se torna mais ágil para perceber sinais sutis de mudança e agir com base neles, transformando não apenas produtos e serviços, mas também modelos de negócio, processos e estratégias.
Afinal, fazer algo muito bem por muito tempo já não é mais garantia de sucesso para nenhuma empresa. Pior ainda, pode ser até o pontapé inicial para o fracasso. Os interesses, as necessidades e as expectativas dos consumidores podem mudar a qualquer instante, e é nisso que a empresa deve estar focada, bem como no avanço de tecnologias e tendências.
Por esse motivo, a cultura organizacional deve ser voltada ao aprendizado contínuo e à experimentação.
Pesquisadores seniores do Boston Consulting Group afirmam, em um artigo para a Harvard Business Review, que “em vez de serem realmente boas em fazer algo em particular, as empresas devem ser realmente boas em aprender como fazer coisas novas”.
Ou seja, elas devem ser realmente boas em adaptabilidade. Devem procurar selecionar novos colaboradores que tenham essa habilidade, além de desenvolvê-la em seu time atual de talentos.
Mas, quais as características que devem ser buscadas ou desenvolvidas?
Características da adaptabilidade
Pessoas adaptáveis possuem algumas características em comum. Jeff Boss, especialista em liderança, adaptabilidade e equipes de alto desempenhou, elencou, em um artigo para a Forbes, 14 dessas características, dentre as quais destacamos:
- Pessoas adaptáveis experimentam, sabem lidar com a incerteza e têm coragem para se arriscar.
- Têm facilidade para enxergar oportunidades, mesmo em meio a situações difíceis, e se ajustam a elas.
- São engenhosas, ou seja, têm um “plano de contingência” caso falte algum recurso ou algo não saia como o esperado.
- Têm visão de futuro e estão sempre em busca e novas melhorias.
- Não perdem tempo reclamando de situações que estão fora de seu controle – apenas se “adaptam” e seguem em frente.
- São emocionalmente inteligentes e mantêm um diálogo interno positivo.
- Não terceirizam responsabilidades, não procuram culpados, não se vitimizam. Elas são protagonistas da própria história e têm proatividade para seguir em frente.
- São curiosas, afinal, a curiosidade é uma alavanca para o aprendizado e crescimento – e, sem isso, não há adaptabilidade.
- Procuram enxergar o todo, ou seja, ter a visão “da floresta inteira, e não só de algumas árvores”. Essa visão sistêmica baseia as decisões sobre como se adaptar.
- Abrem as suas mentes para diferentes pontos de vista e perspectivas, o que significa que sabem escutar com atenção, aceitam (e admiram) a diversidade de ideias e reúnem todas essas informações para desenhar as melhores estratégias.
Como desenvolver adaptabilidade
O desenvolvimento ou o aprimoramento da adaptabilidade pode se tornar mais fácil se alguns passos em especial forem seguidos. São eles:
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Abrace o novo
Questione verdades enraizadas na sua mente e na sua organização, esqueça de vez a ideia de “sempre fizemos assim”, abra-se a oportunidades de mudança, escute outros pontos de vista, mantenha a mente aberta.
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Assuma riscos
Tente, experimente, erre, tente de novo – seja tolerante aos seus erros e aos erros dos seus colegas e colaboradores. Sem correr riscos, nada de novo será feito, ou seja, riscos fazem parte da aprendizagem e do sucesso.
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Aprenda a reaprender
Alvin Toffler, escritor e futurista norte-americano, afirmou que “o analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”. Isso significa que devemos adotar uma mentalidade de aprendizes, buscar continuamente novos conhecimentos e ressignificar o que já sabemos.
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Acompanhe os movimentos internos e de mercado
Esteja atento ao que acontece dentro da sua organização e também fora dela. Acompanhe, por exemplo, o orçamento definido pela gestão financeira, a movimentação de colaboradores, bem como a movimentação de concorrentes, parceiros, além de novos setores e tecnologias, como os avanços da Inteligência Artificial e Internet das Coisas.
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Identifique e aceite a mudança
Entender a necessidade da mudança, aceitar e ajudar a construir o novo é muito mais eficaz do que negar e lutar para preservar as coisas como sempre foram. Isso é fundamental para lidar com a incerteza e com a volatilidade, bem como para agir de acordo com as circunstâncias.
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Defina metas para você mesmo
Você conheceu as características das pessoas adaptáveis. Quais são os seus gaps mais significativos em relação a elas? Que tal definir metas de melhoria para você mesmo, independentemente do seu gestor ou da sua avaliação de desempenho?
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Peça feedback
Pensando em desenvolvimento e melhoria contínua, que tal pedir feedback sobre as suas realizações? Essa atitude pode ajudar você a identificar o que está travando a sua performance, além de potencializar cada vez mais as suas qualidades.
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Desenvolva sua inteligência emocional e resiliência
Situações desafiadoras costumam ser as que mais exigem adaptabilidade, mas isso é praticamente impossível sem inteligência emocional e resiliência. Por isso, invista em autoconhecimento, aprenda a identificar e reconhecer os seus sentimentos, e saiba usar os aprendizados para se fortalecer e seguir em frente.
Falar sobre adaptabilidade é falar sobre sobreviver, sobre se manter no jogo. É falar sobre vantagem competitiva, sobre agregar valor, sobre fugir da obsolescência.
Agora é hora de você colocar a mão na massa e desenvolver ainda mais a sua adaptabilidade, além de estimular sua equipe a fazer o mesmo.
Mantenha-se aberto (e adaptável) ao novo, e trabalhe para transformar a cultura da sua empresa em uma cultura de inovação.
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